segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mão na bola

Cada vez me convenço mais que a realidade é virtualidade, e que tudo é maleável de acordo com os interesses do poder. A justiça não passa de uma argumentação. A vergonha acaba se diluindo nos discursos técnicos e a coisa “descamba”, “escorre” longe dos nossos olhos, ou como recentemente vimos; bem diante deles.
Não sei nada de esporte, e peço que perdoem minha intromissão neste nicho particular dos comentaristas esportivos; mas diante de tamanho absurdo não dá pra ficar calado.
Depois do que o Thierry Henry fez contra a Irlanda, perdi todas as esperanças no ser humano. Não. Não tem jeito mesmo. Como vou explicar pra minha filha de nove anos que eu “posso roubar se o juiz não ver”?
Cria-se então uma condicionalidade legal para a “maracutaia”, podemos roubar enquanto a justiça não está atenta - Então estamos “ralados”...dizem por aí que a justiça é cega – e tudo está normal. O que não pode é o juiz ver. O mundo pode enxergar tudo... mas se o juiz não vê... então tá “limpo.”
Deve ser por isso que essa “mão na bola” se instituiu discurso nacional. Enquanto o juiz olha pro outro lado, “dá-lhe mão na bola!”
O noticiário especializado está dizendo que o referido jogador de futebol, atacante da seleção francesa vem anunciando que depois da mão na bola irá se afastar da seleção... essas coisas... Aqui acontece disso também... roubam, roubam e depois “dão um tempo fora da política”, descansar em alguns país tropical... dinheiro não falta, e depois, quando a poeira baixar voltar e se reeleger novamente. E dá-lhe mão na bola.
Recentemente tivemos o “prazer” de assistir pelos telejornais do país outras partidas interessantes desse novo esporte; era mão na bola que não acabava mais. Boladas de dinheiro, que enfiavam pelos bolsos, meias, cuecas... e vamos parar por aqui.
Alguns até rezavam, como os jogadores fazem antes de entrar em “jogo”... Aqueles já tinham o jogo ganho.
Nada é real. Tudo é reflexo, tudo é teatro.
O trágico teatro da vida, onde infelizmente só alguns recebem os aplausos... e o pior, a grande maioria, sem saber aplaude os que zombam de sua ingenuidade.
E o que digo pra minha filha de nove anos? Pode roubar se o juiz não estiver olhando? Prefiro dizer que tudo é ficção: “Não dá bola Luzia, isso é tudo ficção, é como um filme, foi o diretor que mandou.”
Ela me olha com grandes olhos zombeteiros... ela sabe, todo o mundo sabe, menos o juiz.
Fim de jogo... roubou...tá roubado...
...sem chance de marcar outro jogo.


Ronie Von Rosa Martins

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