"...quando precisa inventar novos conceitos para terras desconhecidas, caem os métodos e as morais, e pensar torna-se, como diz Foucault, um "ato arriscado", uma violência que se exerce primeiro sobre si mesmo." (DELEUZE,Gilles. Conversações.p.128)
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Revista Biografia: Ronie Von Rosa Martins - [Poeta Brasileiro]
Revista Biografia: Ronie Von Rosa Martins - [Poeta Brasileiro]: Ronie Von Rosa Martins - ronieev@gmail.com Professor - Português/Inglês - Pedro Osório/Cerrito - RS Pós-graduado em Literatura Contemporânea...
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
DE COMO SE DESTRÓI UMA ESTRUTURA OU... ALICE DE PEDRA NA MÃO
Cabelos loiros e de nome Alice. Baixinha e simpática. Sorriso de contar histórias. Fadas e essas coisas. Bela. Sorridente. O pai largou a mão. Mãozinha açucarada da fazer carinho e apontar pequenas e fúteis necessidades. Agachou-se a menina. A pedra chamava. Redonda e pesada. Na palma cabia, se aconchegava. Pedra e mão. Mão e pedra. E o pai distante. Negócios, contas e mulheres, pois era desses que o corpo ardia por qualquer mulher. Fraco. Da carne. Enquanto o corpo permanecia na tolerância e na possibilidade de um provável "bom-comportamento", os olhos e a mente se esbaldavam na luxúria que só a imaginação é capaz. Mas ela era forte. Ela e a pedra. E do outro lado a vidraça e ela e o pai e a pedra. E o mundo que passava atrás, no meio e na frente. Quebrou.
Foi. Pelo ar. E com um "ufa!". Sim, com ponto de exclamativo esforço de menina que arremessa pedra e violência. Desabou a vidraça. Nua a janela e a possibilidade dos traspassamentos. E o pai abriu a boca em espanto que de dentro advém. Espanto. Boquiaberta a janela pelada em vidro que não mais é. Atravessamento. A menina sorri. Sorriso de boca que não se abre em dentes brancos, mas que pelos olhos. Olhos que sorriem o não saber o que se faz. Mas que é bom. Fazer. Em seguida todos os verbos e discursos estariam em combate. Palavras emaranhadas em ríspidas acusações e encabuladas desculpas. Discurso que se desprende, afasta a menina e a outra pedra. As ruas não deveriam ter pedras para as meninas de sorrisos nos olhos. Esta possuía. Possuía todos os desejos selvagens das meninas de cinco anos.
E agora foi o carro. Alvejado. Fera abatida, assustado gemendo, bufando fumaça e impropérios. Mais gente, mais verbos, exclamações que cravavam na sensatez de qualquer decisão. Aturdido, ofendido, humilhado. O pai apanhou outra pedra, grande. Paralelepípedo. Quadrado. Ao ar e aos gritos. Vôo. Cubo voador. Nave espacial, peso puxado. Torpedo que se volta. Revolta. O povo se afasta. E o carro azul parado na rua recebe nas costas o peso. A pedra. E grita. E o povo grita; êxtase.
A menina já está com outra pedra, e as vidraças vão caindo. Logo um senhor velho, carcomido pelo tempo para em frente à menina. Olhos severos. Ela sorri e apanha a pedra que ele oferece. É a destruição.
As pessoas enlouquecidas arrancam as pedras da rua e jogam nas casas, nas lojas nos carros. A polícia chega e é apedrejada. Os políticos chegam e são apedrejados. E abandonam seus postos cargos e carros e apedrejam. Todos de pedras na mão. Mas não há sangue, não há mortes. As pedras procuram o que não é vida. E as mulheres choram e os homens choram. E quebram tudo. E a epidemia toma conta do universo. Pelas ruas, pelas cidades, pelos estados, pelos países. As cidades morrem na estrutura. Na forma e conteúdo.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Ronieev's blog
http://ronieev.wordpress.com/
Este é o link do meu outro Blog com cara nova. Uma espiadinha não dói!
Este é o link do meu outro Blog com cara nova. Uma espiadinha não dói!
Da beleza e suas medidas
Quando se fala em beleza, muita coisa vem à baila. Afinal, o que é o belo? A beleza é uma medida? Uma
quantidade? Quem decide o que é belo?
Quem avalia a beleza? Quem dá valor aos conceitos do que seria o belo? Quem
determina que algo é mais ou menos belo.
Que critérios estéticos são considerados. Que cultura prevalece sobre as outras
nesse quesito? Era nisso que pensava enquanto pela internet observava os
comentários e reportagens sobre o Miss Universo.
Existirá uma beleza universal? Quem determinaria
isso? Se existe uma diversidade, pois nada é mais concreto que a própria
diferença, poderia existir um padrão" real" de beleza?
Percebemos o belo, pelo caminho tortuoso da arte
que advém dos gregos, e ainda hoje aqueles conceitos de beleza ainda são moeda
de troca, valores a serem conquistados e adquiridos na sociedade, da arte até o
próprio corpo. É através desta ótica
grega que ainda observamos, consideramos e avaliamos a "beleza".
Mas me pergunto se em um mundo em que, na contemporaneidade,
deveria assegura o valor da diferença como atributo afirmativo para a
construção de uma identidade que não se atrele mais a conceitos e verdades
únicas, e que questionasse as palavras de ordem - pelo menos dentro dos
círculos que pensam a sociedade como forma igualitária de se conviver com as
singularidades e diferenças - e os
conceitos universalizantes , não estaria, de certa forma, solidificando àqueles
antigos conceitos com este tipo de evento?
Vemos a toda hora a exclusão sendo a palavra da vez nos meios midiáticos. E a
"beleza" continua a ser um dos critérios de maior exclusão em todas
as instituições, em todos os segmentos sociais e culturais. Idealiza-se algo belo, e se faz a busca alucinada para
encontrá-lo. Excluindo, ridicularizando, diferenciando, menosprezando,
desvalorizando e recusando tudo e todos que não estejam próximos dos padrões
estipulados. Estipulados, determinados e
fortemente garantidos por uma mídia, um discurso e um estado de coisas que se
beneficia - e muito - disto tudo.
Falar de
um belo universal é excluir as
singularidades que compõe as variações da vida na terra, é determinar a
superioridade de um estilo, de uma cor, de uma estatura. Desconsiderando formações estéticas que diferem através de culturas, subjetividades,
gostos, condições econômicas e sociais, regionais etc.
Observando as mulheres que desfilavam, percebia
que mesmo sendo diferentes, todas eram iguais. Eram formatadas. Beleza
pasteurizada. Um belo construído
dentro dos moldes exigidos pelo poder. Um poder que determina a própria condição de ser e pensar o belo, o
que é bom e o que é certo.
E o final de tudo foi uma farsa. Como tantas que
encontramos nestes tipos de concursos. A prática do politicamente correto. Já
que temos um Presidente americano negro, não seria bonito eleger uma beleza
negra?
Só que a beleza negra estava moldada dentro dos
critério brancos. Um beleza negra comportada, bem próxima aos padrões europeus
e exigidos.
Como afirmei antes, qualquer uma que ganhasse
não faria diferença. Eram todas as mesmas, idênticas.
Na minha triste forma de ver as coisas, não
haveria diferença se outra qualquer
fosse escolhida. A beleza é algo subjetivo, o belo está além de critérios e
avaliações superficiais.
Me entristeço muito observando estes "circos"
antiquados e que ao mesmo tempo instigam
a forma de pensar e agir de uma sociedade. No topo os mais
"belos", na base os "feios". Dicotomias que deveriam, em
pleno século XXI já estarem sendo
questionadas e sendo postas de lado. Mas infelizmente o que acontece é o
contrário.
Uma beleza universal? Piada!!
domingo, 18 de setembro de 2011
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