Quando se fala em beleza, muita coisa vem à baila. Afinal, o que é o belo? A beleza é uma medida? Uma
quantidade? Quem decide o que é belo?
Quem avalia a beleza? Quem dá valor aos conceitos do que seria o belo? Quem
determina que algo é mais ou menos belo.
Que critérios estéticos são considerados. Que cultura prevalece sobre as outras
nesse quesito? Era nisso que pensava enquanto pela internet observava os
comentários e reportagens sobre o Miss Universo.
Existirá uma beleza universal? Quem determinaria
isso? Se existe uma diversidade, pois nada é mais concreto que a própria
diferença, poderia existir um padrão" real" de beleza?
Percebemos o belo, pelo caminho tortuoso da arte
que advém dos gregos, e ainda hoje aqueles conceitos de beleza ainda são moeda
de troca, valores a serem conquistados e adquiridos na sociedade, da arte até o
próprio corpo. É através desta ótica
grega que ainda observamos, consideramos e avaliamos a "beleza".
Mas me pergunto se em um mundo em que, na contemporaneidade,
deveria assegura o valor da diferença como atributo afirmativo para a
construção de uma identidade que não se atrele mais a conceitos e verdades
únicas, e que questionasse as palavras de ordem - pelo menos dentro dos
círculos que pensam a sociedade como forma igualitária de se conviver com as
singularidades e diferenças - e os
conceitos universalizantes , não estaria, de certa forma, solidificando àqueles
antigos conceitos com este tipo de evento?
Vemos a toda hora a exclusão sendo a palavra da vez nos meios midiáticos. E a
"beleza" continua a ser um dos critérios de maior exclusão em todas
as instituições, em todos os segmentos sociais e culturais. Idealiza-se algo belo, e se faz a busca alucinada para
encontrá-lo. Excluindo, ridicularizando, diferenciando, menosprezando,
desvalorizando e recusando tudo e todos que não estejam próximos dos padrões
estipulados. Estipulados, determinados e
fortemente garantidos por uma mídia, um discurso e um estado de coisas que se
beneficia - e muito - disto tudo.
Falar de
um belo universal é excluir as
singularidades que compõe as variações da vida na terra, é determinar a
superioridade de um estilo, de uma cor, de uma estatura. Desconsiderando formações estéticas que diferem através de culturas, subjetividades,
gostos, condições econômicas e sociais, regionais etc.
Observando as mulheres que desfilavam, percebia
que mesmo sendo diferentes, todas eram iguais. Eram formatadas. Beleza
pasteurizada. Um belo construído
dentro dos moldes exigidos pelo poder. Um poder que determina a própria condição de ser e pensar o belo, o
que é bom e o que é certo.
E o final de tudo foi uma farsa. Como tantas que
encontramos nestes tipos de concursos. A prática do politicamente correto. Já
que temos um Presidente americano negro, não seria bonito eleger uma beleza
negra?
Só que a beleza negra estava moldada dentro dos
critério brancos. Um beleza negra comportada, bem próxima aos padrões europeus
e exigidos.
Como afirmei antes, qualquer uma que ganhasse
não faria diferença. Eram todas as mesmas, idênticas.
Na minha triste forma de ver as coisas, não
haveria diferença se outra qualquer
fosse escolhida. A beleza é algo subjetivo, o belo está além de critérios e
avaliações superficiais.
Me entristeço muito observando estes "circos"
antiquados e que ao mesmo tempo instigam
a forma de pensar e agir de uma sociedade. No topo os mais
"belos", na base os "feios". Dicotomias que deveriam, em
pleno século XXI já estarem sendo
questionadas e sendo postas de lado. Mas infelizmente o que acontece é o
contrário.
Uma beleza universal? Piada!!
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